Imagine um dia de sol, já entardecendo, frio, próximo a uma fogueira e você ali parado, absorvido por preocupações, distante em seus pensamentos, “curtindo” o momento. É bem provável que situações como essa já tenham ocorrido em sua vida, ou ainda, talvez estejam ocorrendo agora mesmo sem que você nem saiba.
É comum estar mergulhado em comportamentos automáticos, rodeado de rotinas que pouco acrescentam. Em situações assim, oportunidades podem estar passando ao seu lado sem que você as perceba. E este pode ser um alerta de que algum nível de apatia emocional está se instalando.
Na apatia, o tempo de reação aos estímulos do ambiente torna-se muito lento, fazendo com que nossa conexão com o momento se torne extremamente reduzida. Como consequência, a apatia vai se transformando em vazio e inquietação por não conseguir aproveitar de fato aquele momento. Aí, o que resta são apenas percepções tardias daquilo que já se foi.
O arrependimento, a culpa e o autoflagelo
Mudar esse esquema é necessário pois o resultado desse marasmo emocional é aquela sensação de inquietação em que nada está bom e onde que a felicidade é algo muito distante. Se isso não muda, temos então um terreno fértil para que pensamentos negativos estejam muito mais presentes, fazendo com que o olhar para o passado se torna mais constante e cheio de arrependimentos.
Isso faz com que o sentimento de culpa seja uma das poucas emoções ainda presentes. Pensamentos como “Eu deveria ter aproveitado melhor aquele dia… eu deveria ter brincado mais com meus filhos… ter tomados decisões diferentes…” tornam-se repetitivos em sua cabeça.
É aí que a vida presente se torna sofrimento e penitência. É como se você fosse obrigado a pagar por todas as “decisões erradas”. Não há aprendizado com o que aconteceu, apenas arrependimento, culpa e autoflagelo. E o resultado disso é sua infelicidade.
A autopercepção e a tomada de decisão
Mudar esse esquema é necessário… E para isso, perceber-se nesse ciclo de negatividade, de foco no passado e de autopunição é extremamente importante. Questione o quanto que em seus argumentos podem estar presentes pensamentos e palavras como “Eu deveria ter feito… Eu errei… Eu fiz tudo errado… Eu tive azar… A situação não me ajudou… Eu não consigo… Agora é tarde demais… Não há mais nada a fazer… Já não há mais tempo… Sempre será assim…”
Esses argumentos são limitadores do seu potencial espontâneo e criativo. Eles inibem sua capacidade de se reinventar, de descobrir novos caminhos e novas formas de fazer. O primeiro passo é questionar e identificar essas palavras limitadoras.
O segundo passo é tomar a decisão de que você pode reescrever sua história daqui para frente. É a decisão de aceitar que, além de “ator”, você é o “autor” da sua própria história e que pode mudar positivamente a direção dos acontecimentos.
A ação e sua reinvenção
Por diversas vezes pude acompanhar o desespero e a angústia na vida das pessoas. Há muito mais do que imaginamos em nosso horizonte de possibilidades. Onde apenas o “não” parece existir, acreditar no “sim” deve ser um imperativo em nossas vidas.
A esperança desprovida de ação é mera fonte de angústia e sofrimento. É necessário reconectar-se com seus desejos, com aquilo que lhe inspira e lhe motiva emocionalmente a agir. A ação requer inspiração, e esta advém do desejo.
É na ação que nos transformamos e nos reinventamos enquanto experiência. Procure lembrar daquilo que no passado talvez já tenha sido uma fonte inspiração, mas que por algum motivo, você não tenha tido a oportunidade de aplicar. Avalie o quanto que esses desejos antigos podem hoje ser inspiração para suas ações neste tempo presente. Atualize-os com suas necessidades do momento e conecte-se consigo mesmo outra vez. Agir, então já não será um peso, mas sim, um movimento espontâneo.
