Já era próximo de Junho. O clima havia mudado. Estava frio. Um copo de chá aquecia minhas mãos. O pôr-do-sol beirava entre o rosa e o alaranjado. Logo a campainha tocou.
Abri a porta. Ele entrou. Sentou-se e começou.
– “Estou sonhando mais. Nos últimos dias, meus sonhos têm ficado muito reais.”
– “E com o que tem sonhado?”
– “Com uma única coisa: o futuro… eu me vejo no futuro.”
– “E você se vê de que forma?”
– “Sorrindo. Vivendo sem preocupações.”
– “Isso é justamente o oposto do que você tem me dito e vivido nos últimos tempos.”
– “Sim… Mas olhe para mim agora. Estou sorrindo. E não me sinto mais preocupado.”
– “Que efeito acha que esses sonhos tiveram em você?”
– “Eu não sei… Acho que eu sempre me preocupei com o futuro… E nesse sonho, que era justamente sobre o futuro, eu vi que minha alegria estava em viver o presente… Que o futuro nada mais é do que o próprio presente…”
– “Sonhar seria uma forma de transformar esse futuro tão distante em um presente mais real?”
– “Acho que sim. Sonhar pode ser bom. O futuro pode ser bom… ele pode ser muito real… e ele começa agora…”
Naquele dia, ele começou a se perceber. Passou a refletir sobre a possibilidade de não temer o que está por vir. Viver passou a ser muito mais possível.