Tá difícil entender seu filho, filha, sobrinho, sobrinha…? Tente começar entendendo a si mesmo… Busque em suas memórias aquelas lembranças de como era quando você, ainda criança, ficava feliz, ficava triste ou até mesmo irritado… Relembre como você fazia com esses sentimentos e compare com o jeito que você lida com eles ainda hoje, sua alegria, sua tristeza, sua raiva, seus medos… Você vai perceber que algumas coisas mudaram e outras tantas continuam iguais a como eram antes.
Temos muitas semelhanças com o universo infantil. Somos próximos e constantemente conectados com a nossa própria infância. Temos uma criança interna dentro de nós — aquela que já fomos tempos atrás. E muitas vezes é essa criança que guia os nossos pensamentos, nossas emoções e inclusive nossos desejos. É essa criança que carrega muitos de nossos traumas e de nossas boas memórias.
Quando reagimos com alegria a uma vitória que o nosso time teve, talvez seja essa criança dentro de nós que está comemorando algo que sempre quis… Quando reagimos com tristeza a uma notícia de que não iremos a uma festa porque ela foi cancelada, talvez seja porque essa criança esteja triste por algo ela já perdeu… Ou ainda, quando reagimos com raiva por termos sido passados para trás naquele congestionamento de carros, talvez também seja essa criança que tenha ficado irritada com algo muito parecido com o que ela já viveu lá atrás.
Todas as emoções que sentimos enquanto adultos, também já as sentimos quando éramos criança. Os motivos pelos quais sentimos essas emoções podem parecer bastante diferentes se comparamos com os motivos de uma criança. Mas essa é uma constatação bastante superficial. O que de fato ocorre é que, independentemente de sermos adultos ou crianças, todos nós queremos nos sentir bem, queremos ser livres para ir e vir… E por isso reagimos emocionalmente quando conseguimos ou não aquilo que desejamos.
Fazemos parte de uma mesma realidade: a realidade do amor que busca sempre compartilhar e amparar nossas escolhas sejam elas conscientes ou inconscientes. Por isso, quando nos permitimos conversar de igual para igual com nossos filhos — ou seja, a partir da nossa própria criança — que então começamos a entender seus sentimentos, suas motivações e seus dilemas; e é aí também que podemos oferecer uma comunicação afetiva de qualidade para superar os desafios que a vida nos oferece na comunicação com os nossos filhos.