Como não cair no isolamento social

imagem coletada no pexels

Explicações e entendimentos sobre o que é isolamento

O termo isolamento pode ser compreendido a partir de um viés prático. Para não complicarmos, o mais simples é entendermos que há o isolamento quando não estamos em contato com outras pessoas.

Podemos conceber, por exemplo, que se estamos com alguém, mantendo um contato físico, presencial e olho no olho, estamos em relação, e consequentemente, não estamos isolados. Podemos ainda entender que se falamos com alguém por telefone, vídeo ou mensagem, também não estamos isolados.

Entretanto, não é em termos de quantidade e nem da natureza do contato que devemos olhar para essa questão. E sim, devemos avaliar este tema a partir da qualidade das trocas afetivas que estabelecemos com os contatos que fazemos.

Por mais que estejamos em contato com muitas pessoas diariamente, podemos estar com um nível muito limitado de trocas afetivas sem que percebamos a ocorrência desse fato. É muito importante notarmos que esse tipo de isolamento se refere às nossas demandas não atendidas de carinho, atenção, acolhimento, compreensão, etc.

Esse tipo de isolamento social pode ocorrer em qualquer momento de nossas vidas. Para melhor compreensão, foram selecionados três momentos específicos:

1 — No início da vida adulta

À medida em que nos aproximamos da vida adulta, maiores responsabilidades são colocadas em pauta, tais como namoro, faculdade, estágios profissionais, além do próprio trabalho. Aquele tempo que antes era dedicado para as relações em um nível mais afetivo, agora passa a ser dividido entre obrigações e tarefas cotidianas.

Nessa situação, o isolamento social pode se mostrar mais presente visto que nossos contatos afetivos ficaram mais limitados. É como se a vida tivesse ficado mais corrida e o tempo mais restrito, fazendo com que os contatos aconteçam de modo mais rápido e automatizado, apenas para marcar presença, reduzindo assim o nível de trocas mais profundas.

2 — No casamento

À medida em que estabelecemos uma parceria existencial com outra pessoa, temos a oportunidade de viver mais intensamente essa relação. E como resultado, somos tomados por um estado de ânimo e bem-estar.

Nesse caso, um nível de isolamento social mais sutil pode se fazer presente, ficando mais visível e intenso, ao longo do tempo. Isso porque nossas necessidades de trocas afetivas não advêm tão somente de um casamento.

Temos uma demanda por trocas com outras pessoas, com outros seguimentos da vida interrelacional. E quando não atendemos a essa demanda, nossa parceria conjugal pode ser sobrecarregada, exigindo do(a) parceiro(a) um nível de doação afetiva que gera desgaste e estresse. Muitas brigas e discussões costumam ocorrer nesses casos.

3 — Quando envelhecemos

Já na velhice, outro desafio que temos é o de atualizar nossa rede de relações e de trocas afetivas. Ao longo do tempo, as pessoas que conhecemos costumam se desenvolver e fazer novas escolhas, o que resulta numa mudança de gostos, de lugares, de vínculos, de empregos e até mesmo de cidades; existindo ainda um fator que mais cedo ou mais tarde virá: o falecimento dessas pessoas.

Assim, certos distanciamentos sociais naturalmente ocorrem, nos deparando com brechas de carência afetiva. Ao envelhecermos, podemos ficar mais restritos às nossas relações familiares, o que também pode sobrecarregar um ou outro familiar na tentativa de suprirmos nossas carências.

O que fazer então para prevenir esse isolamento?

O grande desafio é buscarmos novas fontes de afeto, não importa a idade e o contexto no qual vivemos. Expandir nossas relações com a possibilidade de melhorarmos nossas trocas afetivas é possível à medida em não nos limitamos a um mero contato.

Quando estabelecemos parcerias, trocas de conhecimento e nos envolvemos em novos projetos, isso nos faz ter maior envolvimento afetivo com as outras pessoas que, tanto quanto, envolvem-se afetivamente nesses processos.

Quando nos permitimos a cocriação e a corresponsabilização para aquilo que criamos, então, somos tomados por um sentimento de pertencimento social e de plenitude afetiva, descartando a possibilidade de nos isolarmos socialmente.

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Vitor H. L. Paese

Vitor H. L. Paese

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