Lidar com o sentimento de insegurança é um dos grandes desafios da atualidade. Constantemente, somos bombardeados por uma grande quantidade de informações que recebemos de modo rápido e tumultuado por fontes diversas tais como trabalho, estudo, família e meios de comunicação. Essa quantidade de informações exige de cada um de nós um processamento muito maior de informações e consequentemente um elevado grau de responsabilidade para a tomada de decisões.
À medida em que nos sentimos inseguros para processar informações em grande volume e não conseguimos nos posicionar, surgem a partir daí uma série de sintomas, comportamentos ou emoções negativas que se sobrepõem a esta dificuldade, como por exemplo, transtornos de pânico, crises depressivas, estados de ansiedade generalizada, etc.
Processar de modo adequado essa quantidade de informações com a qual temos que lidar diariamente é essencial para nossa sobrevivência emocional. À medida em que não temos a oportunidade para treinar com clareza e consciência as habilidades de processamento de informação por um viés emocional, surgem grandes dificuldades para nos posicionarmos em nossas relações (nível interpessoal) e com nós mesmos (nível existencial).
Cada vez mais, as escolas têm tido essa consciência, ensinando a seus alunos formas de lidar com essa enxurrada de informações. Entretanto, é no contexto familiar ao qual a criança e o adolescente retornam diariamente que se faz necessário desenvolver “filtros emocionais” para que as informações que circulam dentro do contexto familiar, no caso, possam ser também direcionadas com maior clareza e com maiores possibilidades de ação.
É na família que circulam a maior parte das informações de peso emocional. E quando não processamos adequadamente essas informações, aumentam as possibilidades de entrarmos num quadro de confusão mental. A partir daí, elevam-se os níveis de estresse, fazendo com que o funcionamento de cada um de nós se torne muito mais limitado e pouco produtivo, gerando insatisfações e frustrações diante da vida.
Esse filtro emocional para questões da vida íntima tem grande dificuldade para se estabelecer. Isso acontece porque as famílias em geral não têm suporte ou oportunidade para desenvolverem mecanismos saudáveis para lidar com seus traumas, com situações repentinas e com dificuldades diárias, gerando em seus indivíduos grandes níveis de insegurança e confusão emocional.
Logo abaixo você encontrará algumas possibilidades de treinar mais esses filtros em si mesmo ou com seus familiares, independentemente destes serem jovens ou mais velhos.
Três pontos devem ser levados em consideração:
Primeiro – quando sentimos algo bom por alguém isso deve ser comunicado de imediato. Não devemos reter informações que permitem que aqueles que gostamos possam se sentir mais fortalecidos, mais queridos e com melhor estado de autoestima.
Segundo – devemos avaliar a informação que recebemos. Por mais que venha de pessoas que amamos, devemos avaliar se aquilo que recebemos vem de um modo sereno tranquilo e com coerência. Devemos receber essas informações com certa reserva, não no sentido de negá-las, mas nos permitindo questionar e avaliar a real intensidade e consistência da informação.
Terceiro – devemos verificar se ficou bem entendida a questão ou a informação que recebemos. É extremamente importante darmos feedback e buscarmos a confirmação da compreensão daquilo que recebemos. Por exemplo: — “Fulano, isso que eu escutei agora, que você acabou de me dizer sobre aquele fato, eu entendi desta forma (…) Você pode confirmar isso para mim se é isso mesmo que você queria me dizer?” Nesses casos, a chance de absorvermos de modo confuso alguma informação é muito menor.
À medida em que exercitamos estes três pontos, isso resulta num melhor estado de comunicação e na filtragem emocional daquilo que captamos. Assim, quando fortalecemos relações com elogios e afetos, quando confirmamos determinadas informações e quando filtramos aquilo que vem ao nosso encontro, temos a oportunidade de ter maior clareza do que assimilamos e do que vivemos. Além disso, temos a oportunidade de nos posicionarmos no ambiente social em que vivemos de um modo mais seguro e definido.